sexta-feira, 14 de abril de 2017

Dicas de Portugal: Por que nem sempre os brasileiros entendem os portugueses - março de 2017

Olá, galerinha amante das viagens, tudo bem??

Preparem-se para rir nesta postagem de hoje. Como dissemos na postagem sobre Lisboa, nós amamos Portugal! Hoje vamos falar sobre a diferença brutal que existe na forma de comunicação entre os brasileiros e os portugueses - apesar de falarmos a mesma língua. :)

Brasil e Portugal, laços históricos. Fonte da imagem: Site Zazzle
Antes de irmos para Portugal, conversamos com vários amigos que já tinham passado pela terra dos nossos descobridores. Todos eles nos contaram histórias engraçadíssimas que demonstram que os portugueses são muito literais, ou seja, tudo que eles dizem e ouvem é interpretado bem ao pé da letra, mesmo. Vocês vão entender conforme formos contando os "causos"...

Apesar de falarmos a mesma língua, a cultura muitas vezes causa confusão na comunicação entre
brasileiros e portugueses. Fonte da imagem: Blog Coaching afetivo
É importante ressaltarmos que até soubemos de uma possível motivação de eles serem assim: nosso amigo, Russo, disse que o principal motivo teria sido o fato de os portugueses terem passado por um longo período de Inquisição (quase 300 anos). Por não quererem correr o risco de serem mal interpretados ou de darem mais informação do que deveriam e acabarem queimados em uma fogueira, os portugueses se habituaram a dizer somente o que lhe é questionado, assim como perguntar exatamente o que se quer saber.

Execução pelo fogo, em Lisboa. Fonte da imagem: Site Expresso, de Portugal
Ao longo de quase 300 anos esta foi uma das instituições mais temidas em Portugal. Para garantir uma fé católica com elevado grau de "pureza", milhares de pessoas foram perseguidas, torturadas e mortas na fogueira. Nenhuma heresia escapava ao Santo Ofício. (Fonte: Breve história da inquisição em Portugal).

Muito bem, então, tendo em mente que provavelmente este é o motivo da citada literariedade, vamos à parte engraçada da postagem!
Contaremos os "causos" e colocaremos o nome dos amigos que passaram pela situação entre parênteses, ok? Lembrem-se de ter em mente o sotaque português ao lerem as falas dos portugueses. :)

Caso 1  (Dani)

Em um restaurante, a brasileira pergunta: "Tem água com gás?". 
O garçom português responde: "Temos", e permanece ali parado.
A brasileira então diz: "Eu quero uma".
O garçom informa: "Não será possível".
Inconformada, a brasileira quesitona: "Mas você não disse que tem?"
E o garçom explica: "Tem, mas não há".
kkkkkkkkkkkkkk...
Explicação: tem, no cardápio, mas não há nenhuma disponível para lhe servir agora.
Lição aprendida: nós só usamos o verbo haver para fazer pedidos em Portugal. (exemplo: Há coca-cola?). 

Caso 2 (Bisi e Nadja)

Os brasileiros aguardam o elevador, em Lisboa.
Ao verem a porta se abrir, perguntam: "Está subindo?"
E eis que vem a resposta: "Está parado!"
kkkkkkkkkkk...
E o pior é que o senhor que respondeu estava com aquela cara de "dããããããã"!... rs rs
Explicação: o gerúndio foi literalmente interpretado.
Lição aprendida: se for perguntar para que lado o elevador vai, pergunte: "Vai subir?"

Cuidado com o gerúndio, em Portugal! Rs. Fonte: Perene Assessoria
Caso 3 (Sérgio)

O brasileiro vê uma máquina de venda no hall do hotel.
Vai até o recepcionista português e pede: "Quero uma ficha da máquina, por favor".
O recepcionista vende a ficha.
O brasileiro vai até a máquina, coloca a ficha mas ela cai. Tenta novamente, em vão, e então volta ao balcão.
O recepcionista então informa: "A máquina está quebrada, senhor".
O brasileiro, indignado, questiona: "Então por que você me vendeu a ficha?"
"Porque o senhor pediu", responde o recepcionista.
Explicação: os portugueses não dão nenhuma informação que você não tenha pedido explicitamente.
Lição aprendida: antes de comprar uma ficha para uma máquina, pergunte se a máquina está funcionando.

Máquinas de venda - melhor confirmar antes de comprar a ficha, rs. Fonte da imagem: Blog Maria Mochileira

Caso 4 (Sérgio)

O brasileiro chega em uma adega, aquela loja especializada e repleta de vinhos.
O atendente português, todo solícito: "Em que posso lhe ajudar?"
O brasileiro pede o que está procurando: "Você tem Cabeça de Burro?"
Ao que o português reclama: "Por que estás a me ofender?"
E o brasileiro então esclarece, confuso: "O vinho, Cabeça de Burro?"
E o atendente diz: "Ah, pois o vinho Cabeça de Burro, temos sim".
Explicação: O português não utiliza figuras de linguagem - nesse caso, a elipse.
Lição aprendida: Não omita as palavras, mesmo que ache que é óbvio.

Se o Sérgio procurou pelo vinho, é porque ele é bom. Tivemos que comprar e comprovar! :)
Caso 5 (Sérgio)

O brasileiro chega ao restaurante, que está com uma plaquinha indicando "Aberto" na porta. Entra com sua esposa e se encaminha a uma das mesas disponíveis. 
O garçom português chega e diz: "Não será possível atendê-los".
Brasileiro: "Mas o restaurante não está aberto?"
Garçom: "Sim, mas vai fechar em trinta minutos".
O brasileiro então explica: "Ah, ok, então nós vamos pedir algo bem simples e comemos rapidinho".
Então o garçom insiste: "Não haverá tempo, senhor".
Então, após serem expulsos do restaurante (pensando, "por que já não coloca a placa como "Fechado", então?), os brasileiros fazem sinal e pegam um táxi.
Ao entrarem no táxi, o motorista já começa a se deslocar com o carro, e pergunta: "Para onde?"
E os brasileiros: "Para o Chiado" (bairro boêmio de Lisboa, cheio de bares e restaurantes).
Taxista: "Pois para lá não vou, nem com uma faca apontada nas costas". (detalhe, sem parar de se deslocar). "Para onde?", insiste o taxista.
Os brasileiros também insistem: "Então, nós queremos ir para o Chiado..."
E o taxista desabafa: "As ruas lá são muito apertadas, tem um monte de jovens que ficam no meio da rua, para o Chiado não vou".
Sem ter como desistir da viagem (a não ser que pulassem do carro em movimento), os brasileiros pediram ao taxista: "Poderia então nos deixar próximo do Chiado?".
Explicação: Sem explicação,  né? Rs...
Lição aprendida: Verifique o horário de funcionamento dos restaurantes e não queira entrar nos últimos minutos, rs. Ah, e com relação aos táxis, outra informação importante que o Sérgio deu é que não devemos de forma alguma nem entrar nem sair do carro pelo lado da rua, pois se o fizermos tomaremos a maior bronca do taxista! :)

Placa de "Aberto/Fechado" não é garantia de poder ser atendido... rs.
Fonte da imagem: Mercado Livre
Caso 6 (Dani)

A brasileira não está conseguindo encontrar um ponto turístico e resolve parar o carro para pedir ajuda a um taxista. O taxista português, muito solícito, diz que está indo para lá mesmo e que pode então guiá-la.
A brasileira espera que o táxi se desloque, mas o taxista faz sinal para que ela o ultrapasse. 
Sem entender nada, a brasileira passa a dirigir seu carro à frente do táxi, e então ela percebe que o taxista está lá, no carro de trás, fazendo sinais com as mãos e com as setas, indicando para onde ela deveria ir!
Sim, sabemos que é praticamente inaceitável acreditar que alguém indicou o caminho para outra pessoa seguindo-a, ao invés de guiando-a, mas é verdade e só acreditamos por termos ouvido da boca da "vítima", rs.
Explicação: essa também "não tem explicação, não tem não tem..." (ao ritmo de Cássia Eller).
Lição aprendida: se algum português disser que vai lhe guiar, explique antes que prefere que ele vá na frente, rs (correndo o risco de ele não aceitar ou não compreender). kkk.

Ao pedir informação no trânsito em Portugal, tenha em mente que os portugueses são diferentes dos brasileiros.
Fonte da imagem: Portal do Professor

Caso 7 (Sérgio)

O brasileiro para o carro e pergunta a um português onde fica determinado local.
O português começa a explicar: "Vais seguir por esta rua e então virar a direita, seguindo reto verá o monumento X, e então..."
O brasileiro interrompe e diz: "Ah, ok, depois do monumento X eu sei como chegar! Obrigado!"
Porém, o português se recusa a terminar a conversa: "Não, não. Pediste a informação, agora ouvirás até o fim."
Explicação: os portugueses entendem que, se você pediu uma informação completa (como chegar até tal local), ele lhe deve a explicação completa e você deve ouvi-la. 
Lição aprendida: não seja "mal educado" e ouça toda a explicação (ou então, use o waze, rs).

Nesse momento achamos importante fazer uma ressalva: os portugueses são extremamente educados no trânsito. Como dissemos em nossa postagem sobre Lisboa (clique aqui para vê-la), os motoristas são pacientes, dão seta, aguardam quando alguém está manobrando, nunca utilizam a buzina, e nas estradas, só utilizam a faixa da esquerda realmente para ultrapassagem.
Então, não nos entendam mal: o trânsito e as estradas de Portugal são de primeiro mundo. O que estamos aqui compartilhando com vocês são as diferenças que existem na forma de falar e "presumir" as coisas, que podem fazer com que os brasileiros sintam que estão "tomando patada", quando na verdade é parte da cultura, do jeito de ser dos portugueses. Ok?

Caso 8 (uma mulher que estava no assento atrás do nosso, no avião)

No voo que pegamos do Brasil para Portugal, o comissário de bordo, com seu sotaque português, pergunta: "Café, chá, água?".
A brasileira responde: "É café expresso?"
E o comissário informa: "Não, senhora, é café de avião".
kkkkk...
Explicação: como vocês também já entenderam a essa altura, o comissário não quis ser grosseiro, ele só deu a informação que a brasileira pediu. 
Lição aprendida: leve na esportiva, como a brasileira fez. Ela pediu: "ah, deixa eu provar então, por favor". Em seguida, após tomar um gole, ela disse ao comissário: "nossa, muito bom esse café de avião de vocês!"

Cafézinho expresso - não de avião, rs. Fonte da imagem: Site Rochn'tech
Caso 9 (essa foi conosco mesmo)

Mesmo com tantos casos conhecidos, e tomando todo cuidado, nós passamos por algumas situações engraçadas também.
Na entrada para subirmos ao Miradouro do Padrão dos Descobrimentos, estávamos na fila e quando chegou nossa vez, eu disse: "Ingresso para nós 3, por favor" (apontando para mim, o Alessandro e a Alice).
A portuguesa que vendia os ingressos perguntou: "Há estudante?"
Prontamente respondi, com meu jeito brasileiro de super simpática: "Sim, há. Estudante no Brasil, mas é estudante".
A portuguesa então informou, sem alteração alguma na voz ou na fisionomia: "Apenas perguntei se há estudante".
Tóim! kkkkkkkkkkkkk...
Como havia desconto para estudantes, ela quis confirmar que a Alice era estudante.
Explicação: eu dei uma informação que ela não pediu, então dancei, rs.
Lição aprendida: Tente segurar a língua e responder realmente apenas o que foi perguntado (pra mim é muito difícil, então tive que aprender a segurar a vontade de rir mesmo, rs).

Como é difícil não falar mais do que foi perguntado, né? Fonte da imagem: blog sobre comentário do Max Gehringer
Caso 10 (também nosso)

Na famosa e centenária Universidade de Coimbra, fomos visitar o Museu de Ciência. Pagamos pelos nossos ingressos e então a atendente portuguesa nos avisou: "Às 17 horas sairá deste mesmo local a visita guiada". 
Como ainda faltavam uns 40 minutos, agradecemos e fomos a uma parte do museu na qual havia uma exposição interativa, com muitas experiências bacanas sobre física e química: decomposição, refração e reflexão da luz, elementos químicos,  além de equipamentos de laboratório e outras curiosidades. 
Às 17 horas em ponto ouvimos o sinal e o murmurinho de pessoas no hall. Conversamos entre nós e decidimos que preferíamos fazer a visita ao restante do museu sem guia mesmo, para podermos ter maior liberdade no ritmo do passeio. 
Após termos aproveitado bem a exposição interativa, nos direcionamos para adentrar ao restante do museu, mas não encontrávamos nenhuma porta que desse acesso. 
Voltamos à entrada e perguntamos à atendente: "Por onde é o acesso ao restante do museu?"
E a atendente calmamente respondeu: "A última visita guiada saiu às 17 horas".
Só para confirmar, perguntamos: "Ah, só poderíamos entrar com o guia, né?".
E a portuguesa, na maior normalidade, consentiu: "Sim".
Explicação: nós não perguntamos se poderíamos entrar independente da visita guiada, então, ela não nos informou. É muito estranho, né, porque nós brasileiros certamente avisaríamos, e era capaz de irmos atrás "daquela família que não apareceu" para a visita guiada. Mas, como dissemos, cultura é cultura, né?
Lição aprendida: nunca mais pagaremos a entrada de um museu sem termos certeza de que poderemos visitá-lo (se é possível a visitação sem guia, por exemplo). Rs.
  
Nossa visita ao Museu foi frustrada, rs. Fonte da imagem: Youtube, Chaves em desenho animado
Outras curiosidades dos portugueses

Vamos agora citar algumas outras curiosidades da língua portuguesa falada em Portugal e dos costumes portugueses:

1. Ouvimos mais de uma vez o termo "rocambolesco". Assim: "Uma história rocambolesca", no sentido de atrapalhada, enrolada.

2. Ao ouvir alguém espirrar, eles dizem: "Santinha!", ao invés de "Saúde".

3. Quando algo é muito legal, os portugueses dizem que é "giro". O termo tem flexão de gênero, então se for algo no feminino, é "gira".

4. Da mesma forma, se algo é legal (menos que aquilo que era giro), então isso é fixe. (com som de xis, mesmo).

5. Em Lisboa, vimos uma placa que dizia: "Proibido virar à esquerda. Exceto ligeiros". Rimos muito, pois nos dá a impressão de que se você chegar dando um cavalo de pau, aí pode virar à esquerda. kkk. Imaginamos que ligeiros fossem os carros de pequeno porte, e depois confirmamos que é isso mesmo: existem os carros ligeiros e os pesados.  :)

6. Quando fomos conhecer as Buracas do Casmilo, passamos por pequenos vilarejos e vimos várias senhorinhas típicas portuguesas pastoreando cabras. Ficamos tirando fotos e a Alice até abriu a janela para ficar admirando a cena. A senhorinha passou por nós perguntando: "Nunca viste uma cabra?". kkkkk.. Nossa vontade foi responder: "com uma portuguesa toda de preto pastoreando, não". Rs. Mas acho que só demos risada mesmo. 

A pastoreira portuguesa que não entendeu por que paramos para admirar a cena.
7. Em Braga, ao norte de Portugal, estávamos em uma pracinha e o Alessandro estava tirando uma foto minha e da Alice, sobre um coreto. Nisso chegou uma velhinha portuguesa simpática e disse que ela poderia tirar a foto para aparecermos a família toda. Quando descemos e agradecemos, ela perguntou de onde éramos. Ao saber que somos brasileiros, ela começou a contar que tinha um irmão que veio morar no Brasil, que ele teve dois filhos, que ele faleceu, que só depois de muitos anos ela conheceu os sobrinhos, que ela se arrepende de não tê-los conhecido antes, que o marido dela é muito bom, que ela mora ali pertinho da praça, que ela tem jóias e ouro guardados... Rs. É sério, ela fez um monólogo e foi nos passando todas essas informações. Mas o mais engraçado de tudo é que ela ficou falando agarrada ao braço do Alessandro, estando os dois embaixo do guarda-chuva, pois começou a chover, e enquanto isso ficamos eu e Alice congelando e tomando chuva, no meio da praça. 
Foi difícil fazer a senhorinha se despedir, rs. Percebemos que os portugueses são muito carinhosos e melancólicos, eles parecem ter uma carência de serem ouvidos. 
Enfim, foi uma situação inusitada e muito engraçada! Devíamos ter tirado uma foto com ela, mas debaixo daquela chuva acabamos não fazendo-o.

Foto no coreto da praça em Braga, Portugal, tirada pela simpática senhorinha que "agarrou"
o Alessandro e não soltava mais de jeito nenhum.
Bom, acho que essas são as observações e "causos" que queríamos compartilhar.
Novamente queremos frisar que o objetivo principal dessa postagem é alertar os brasileiros que estão de viagem marcada para Portugal para que compreendam como os portugueses se comunicam, para não interpretar erroneamente algum mal entendido como falta de educação ou má vontade, pois isso não aconteceria - os portugueses são muito educados e prestativos. A diferença é que eles são muito literais (principalmente os mais velhos). Então, compreenda isso e vá de coração aberto, e preparado para levar na esportiva caso aconteça alguma situação como as que relatamos, ok?

Se quiser dar mais risadas, veja essa postagem de Rafael Capanema, no Buzzfeed: 16 histórias de Portugal que parecem piada, mas são reais.

E você, tem algum caso interessante ou engraçado também, com os portugueses?
Comente aqui e compartilhe conosco! 

Beijos, e até a próxima!







Um comentário:

  1. Caso recente. Conversei via WhatsApp com um senhor português, muito culto que contou ser ele romantico. Eu falei que os portugueses são românticis, ao que ele respondeu educadamente, os portugueses eu não sei, eu sou

    ResponderExcluir